quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Fora do Tempo - Capítulo 2

(OBS) : Sim, esse vai ser o nome (provisório) da história iniciada na semana passada. Agora, toda semana, o post com o capítulo novo virá com esse nome. Boa leitura

   Sim, de novo sim. Ah, merda. Mais uma vez Adam Campbell viaja, sem querer, no tempo. Odeio quando isso acontece. Até foi divertido nas primeiras vezes, eu até recebia algo em troca, mas, agora, nada. Parece que é uma simples.. diversão do destino, sei lá. Agora só me resta esperar, até a hora de voltar. Eu sempre volto. Mas, quando não sei o tempo exato, é melhor conhecer o lugar, conhecer as pessoas, tentar me acostumar. Da última vez, passei duas semanas num navio pirata. Voltei pro meu tempo no exato momento em que eu começava a andar na prancha, depois de ter reclamado com o capitão sobre a falta de limpeza daquele lugar. Mas, caramba, aquilo era uma pocilga mesmo, não pude ficar quieto. Acho que vou começar com a garçonete bonitinha. Apesar dela não me conhecer, e de estar com seus 60 anos no meu tempo, pode ser uma boa coisa. Ela se aproxima do balcão novamente, para limpar a sujeira que eu fiz com o café. É agora. "Ei, oi.. ãh.. que hor.." Um estrondo, a porta escancarada. Entram dois homens mal humorados, com chapéus, casacões, e bloquinhos na mão. "Ei, você, bonitão, levanta" Puta que pariu. Sabia que isso ia acontecer. Detetives. Me procurando. Claro. Algum daqueles tantos que passaram por mim deve ter corrido pra delegacia mais próxima, gritando "Tem um cara com roupas estranhas na rua!" Porra, nessa época não existia Armani? Me levantei, calmamente, e me dirigi aos detetives "Oh, oi.. pois não?" "Nos acompanhe até a delegacia, lá conversamos" "Mas, com todo respeito, caro detetive... que crime o senhor acha que cometi?" "Assassinato, garoto. Vamos" E, assim, lá estava eu, 5 minutos depois, sentado no banco de trás de um carro da polícia, sendo levado à delegacia. Ótimo. Não, maravilhoso. Ao chegarmos, fui jogado numa salinha escura, onde só tinham duas cadeiras, uma mesinha, e uma lâmpada prestes a apagar. Já fiz esse tipo de cena umas 3 ou 4 vezes, agora que paro pra pensar. Estranho. É claro, sentei-me em uma das cadeiras. Fiquei sozinho pelo que deve ter sido uma meia hora, até que um daqueles dois homens carrancudos adentrou a salinha, sentando-se à minha frente. "Quem é você?" "Adam Campbell", respondi calmamente. "Campbell, hein? Curioso.. Jim Campbell, só para que você não reclame depois", o homem estendeu a mão. Aquele joguinho de "bom tira, mau tira". Clássico. E, aquele homem, é meu avô. E o velho já estava velho, com seus 50 anos, por aí. Meu pai devia ser um adolescente retardado qualquer, nessa época. Apertei a mão de meu avô, e ele voltou a falar. "Pois bem, senhor Campbell... Onde o senhor estava há duas noites?" Se eu te contasse que estava na premiére de meu novo filme em Londres, o senhor não acreditaria. Então.. "Eu.. estava em minha casa, Jimmy, junto de minha esposa, dormindo, provavelmente" Ele sacou que era mentira, na hora. Claro, nunca tive um sério relacionamento, é difícil fingir ter um, assim. E, também, ele não gostou de eu tê-lo chamado de Jimmy, certeza. "Senhor Campbell.. eu vou perguntar mais uma vez, e quero que o senhor diga a verdade, está bem? Onde o senhor estava há duas noites, quando essa moça aqui, segundo nossas investigações, foi encontrada morta?" E ele me mostrou algo que eu não queria ver. Uma foto, uma mulher nua, desfigurada, banhada em sangue. Quis vomitar. Perdi a fala, simplesmente. E, é claro, isso foi interpretado da maneira mais errada possível. E, assim, lá estava eu, 5 minutos depois, sendo trancado em uma minúscula cela, imunda, com uma cama da metade do meu tamanho, e uma bacia fedida, cheia de um líquido amarelo, por um crime que não cometi. Isso que dá, aceitar ser cobaia dum cientistazinho de merda, que dizia ser o criador de uma máquina do tempo. E agora estou aqui, móvel no tempo, deslocado, não sei qual é mais o meu lugar. Simplesmente não sei mais. Tenho medo de adormecer e, no dia seguinte, acordar no meio de uma batalha entre bárbaros vikings, ou, sei lá, dentro de um campo de concentração da Segunda Guerra. Repentinamente, a dor em meu tornozelo volta. Engraçado, tinha esquecido dela.

0 comentários:

Postar um comentário

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | GreenGeeks Review