quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Fora do Tempo - Capítulo 7

  Sim. Sem dúvida alguma, esse cara sou eu. Um pouco acabado, mas sou
eu. Mas.. "Como você chegou aqui?", perguntei. "Você quis dizer: como
você chegou aqui?", e ele riu. Mas, vendo que não fiz o mesmo, logo
parou. "Daqui uns 10 anos, você vai rir dessa piada, não esquenta".
Ah, que legal. Vou estar viajando feito louco por pelo menos mais 10
anos. Tudo o que eu queria, só que não. 'Pois bem, eu não sou
exatamente você. Eu não me encontrei com minha versão 25 anos mais
velha, nem nada disso. Mas, sim, assim como você, eu fiquei na merda.
Quando fiz 40 anos, apareceu um moleque, um gêniozinho científico,
chamado Albert. Sim, o mesmo Albert. E esse cara era um aluno de meu
amigo Chang, na universidade. O melhor aluno. Chang, é claro,
cientista renomado, tinha Albert como seu aprendiz e sucessor. Mas o
chinês escondia algo do garoto. Um projeto secreto, que nem o governo
sabia. Mas eu sim. Uma máquina do tempo estava sendo construída no
subsolo da universidade, sem ninguém notar. Eu, é claro, pedi pra ser
a cobaia, no que fui prontamente atendido pelo meu grande amigo
oriental. Foi então que o garoto descobriu, e sabotou a experiência.
Filho da puta. Mas, não, não vou julgá-lo. Crianças.. E cá estou,
desde então. 15 anos sem voltar pra casa. A máquina foi destruída.
Albert, com seu grande intelecto, e sua sede pelo poder, dominou o
planeta, e seu legado continua até hoje, mais de 500 anos depois.
Alguns dizem que o garoto construiu para si um corpo 'reserva", ao
descobrir que morreria graças à radiação, e que está por aí até hoje,
andando como um robô, mas ninguém nunca o viu. Ah, me perdoe por
tanta informação, meu caro. Eu sei que deve ser complicado, mas nossa
querida amiga Lucy pode esclarecer suas dúvidas futuramente, não é?"
A roxinha, que eu nem lembrava mais que estava ao meu lado, assentiu.
'Mas, antes, creio que precisa dormir, certo? E não se preocupe. Aqui
embaixo, é impossível de se viajar' Certas coisas nunca mudam. Até
minha versão alternativa e velha é um idiota. 'Como sabe?" "Ora
bolas, com a tecnologia deste milênio, foi fácil projetar um..
bloqueador. Não sei bem como dar nome pras coisas, acho que você sabe
disso" É, acho que o meu eu alternativo não é tão idiota assim. Com
certeza, não é um ator. E eu ainda não entendi patavinas do que esse
cara tá falando. 'Mary vai levá-lo ao quarto, jovem Adam. Amanhã,
você terá um dia cheio". Mary, a 'irmã gêmea" de Annie. É, Adam do
futuro alternativo, você se deu bem. Acompanhei a mulher pelo largo
corredor, até que paramos em frente a uma porta, que abriu-se
automaticamente. "É aqui, Adam. Pode entrar. Tenha uma boa noite de
sono" E ela sorriu pra mim. O mesmo sorriso de Annie. Merda, merda,
merda. Tentando tirar ela da cabeça, entrei no quarto e logo me
deitei na cama. Boa cama. Macia. Bom cheiro. Uma cama de verdade. Não
aquilo da prisão. Aliás, nem sei quanto tempo faz desde a última vez
que dormi direito. Ah, não importa. Adormeci. E, pela primeira vez em muito tempo, tive a certeza de que não acordaria com luz nenhuma no meu rosto.

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