quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Fora do Tempo - Capítulo 4

  Ah... eu já falei que odeio esse lugar? Não sou do tipo que se adapta facilmente à celas. Não, não mesmo. Odeio isso. Ter sido acusado de ter matado aquela mulher.. Por quê acham que fui eu? Ah, claro, o sangue na minha roupa.. Peraí, de onde veio isso? Ah, dane-se. Tenho ainda um bom tempo pra descobrir, já que estou preso aqui. Mas, onde é que eu estava mesmo? Ah, sim.. Minha primeira viagem. Chegada no futuro, é. Agora lembrei. Peguei carona com a loirinha na moto dela. Annie, seu nome. Gente boa. Por sorte, completamente pirada. Acreditou que eu era um viajante do passado. Ou, vai ver, viajantes do tempo surgindo do nada é normal, em 2085. Fiquei dois meses lá. Nesse tempo, descobri o que aconteeu com o velho Chang. Morreu. Numa fábrica abandonada. Naquela fábrica abandonada. O 'Homem que deu o primeiro passo às viagens temporais" foi baleado num atentado terrorista. Máfia Russa. E nenhuma menção a mim, nos registros da história da humanidade. Minto. Houve sim, uma menção a mim. Jornal local, em 13 de janeiro de 2005, uma semana depois do dia em que entrei naquela máquina. "Ator desempregado desaparece. A polícia suspeita que o desaparecido teria dívidas com traficantes, e que está na busca pelo corpo" É, eu morri. Morri como viciado em drogas. É claro que mudei essa situação assim que voltei, mas isso não interessa agora. E, antes que alguém pergunte, não, eu não voltei para meu tempo em um carro voador equipado com um capacitor de fluxo, mas, ainda não é a hora de dizer como foi. O futuro até que é bacaninha. Como eu já disse antes, parece com aquele desenho animado. Carros voando, robôs e tal. Ah, sim. Annie cuidava de um museu. Museu que possuía réplicas... de tudo aquilo que eu usava no meu tempo. Bizarro. Celulares, computadores, televisão, DVD.. Tudo aquilo era chamado de 'velharia". Inclusive, havia ali uma réplica da máquina de meu querido amigo asiático. Filho da puta. Eu preferia ter morrido. Meu nome poderia estar nos livros de história, também. O problema daquela máquina ser uma réplica era que ela não funcionava. Então, como eu voltei? Ah, agora sim, eu digo. Um tio de Annie, Albert, era o que nós chamamos de "cientista louco", mas, que, em 2085, é conhecido como "um cara importante". Prosseguindo, Albert era dono de uma empresa de medicamentos. Fabricava pílulas, essas coisas. E, é claro, pra ter conseguido se tornar um dos homens mais ricos do mundo... também atuava no submundo. É, até no futuro tem isso. Um dia, Annie me levou para conhecê-lo. E o homem era realmente louco. Ficou fascinado quando me viu. 'Um homem do passado!", gritou, abismado. O velho me contou que estava fabricando "pílulas de transporte modificadas'. Tinha algo a ver com o meio de transporte da época. Você toma o comprimido e, num piscar de olhos, chega no lugar que quer. Mas as de Albert faziam algo mais. Elas deslocavam a pessoa no tempo, não apenas no espaço. Me disseram para manter aquilo em segredo, e, foi o que eu obviamente fiz. Segundo eles, essa questão de viagem no tempo não era muito fácil, devido aos registros de assassinatos com quem se metia nisso. Mundo louco, pessoas obcecadas por viajar no tempo. Será que o futuro é tão merda assim, pra fazer toda aquela gente querer sair dali? Mas não fiquei pra descobrir. Eu precisava voltar. E foi então que eu... Invadi o laboratório subterrâneo e roubei alguns comprimidos. Mentira, eu não ia fazer isso. Não com o tio de Annie. Contei a ela que precisava voltar para o meu tempo, e foi assim que Annie foi até seu tio, pedir uns comprimidos para mim. 'Tem certeza, Adam?" "Sim, eu preciso voltar. Você.. pode vir comigo, se quiser" "Não.. Não posso deixar tudo isso aqui. Tome, pegue um comprimido" Peguei 5. "Cuidado, ainda está em fases de testes. Tome cuidado com os efeitos colaterais" Ela me abraçou. Eu sabia que iria sentir falta dela, mas precisava voltar. Engoli os 5 comprimidos de uma só vez. "Não, Adam, era pra tomar apenas..." Tarde demais. Não consegui escutar mais nada, ver mais nada. Estava voltando ao passado. Aconteceu o mesmo que está acontecendo agora. O mesmo clarão. Provavelmente, estou voltando para o meu tempo, agora. De qualquer forma, adeus, anos 60.

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